<sem título>

no túmulo da minha cama 

me reviro em três voltas

doendo a dor do tiro

voltando o som que dispara 

meu corpo frio levanta

o estalo dos ossos rangendo batem 

os olhos pulam para fora

um dos pés cai quando dou um passo 

no cemitério que é a minha casa

as moscas vivem dentro das minhas tripas

fazendo jantar com os seus restos

jantar em família 

a língua não serve mais, corto-a para 

comer antes que apodreça e os ratos devorem 

lá fora, os urubus me esperam

já é a hora de me entregar?

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