Morando em um crânio oco,
Apartamento de seus amigos-insetos
A minhoca colorida cheia de barro
Rastejou-se para se distrair
Ela ouviu cochichos,
As moscas varejeiras choravam de saudades
Da carne podre do cadáver jogado
No meio de um rip rap
Que palavra estranha era saudade
A minhoca devagarinho chegou na grama
Com poças sujas de chuva-chorume
Vivendo em mortos vazios
Até morou em um sem tripas
Sentia estranheza da vida
As casas já foram suspiros?
Viva em um corpo frio
Que do olho brotava a raiz de uma florzinha
Escorregando pelos pés de unhas grandes
Vivendo em segurança
Saudade do quê?
Pobre minhoca
Desceu o pulmão
As formigas faziam
Ceia do coração
Ah, saudade
A falta de algo que preencheu um dia
De longos dias de vida que vivem até
Na sua vivência dentro da morte

Deixe um comentário