Em fevereiro estava tão quente, as vindas do ar de fogo no meio da tarde balançavam meus cabelos secos e esquentavam as minhas bochechas. O Sol estava vermelho. A nossa pele ficou avermelhada, apesar da sombra que nos agarrava em afinco.
E eu lembro de ver as lágrimas escorrerem entre as suas montanhas como cachoeiras em um dia de inverno.
Que refrescam, mas ardem com o gélido delas. Estava queimando de frio, mas você não pareceu se incomodar… de costumeira, de cotidianos, de vidas.
Não sabíamos nada sobre como a vida deve ser dirigida entre grandes roteiros em que somos apenas protagonistas melancólicos. Aproveitamos aquele silêncio que nos sussurrava em gritos, ligeiramente calmos para perceber quem nós éramos ao chegar e ao percurso de nos encontrar entre o farfalhar daquelas folhas secas.
Que cric, crec. cric. crec.
Ouvíamos o silêncio e as folhas se partindo.
E enquanto as gotas de lágrimas-gelo queimavam o seu rosto, as faíscas de fornalha que eu suspirava incendiaram aquele verão de fevereiro. Eu fiquei tão triste. Talvez fosse o calor, talvez a fumaça.
Naquele dia, fomos apenas espectadores daquela tristeza acinzentada que insistia em cobrir os tons quentes enquanto cumprimentávamos algo que estávamos esperando chegar. Mas… eu não consigo lembrar o que era. Acho que era o tempo de chuva.
O vento soprou os astros e nos aproximou, lá de longe. Olhamos ao fim daquelas copas que dançavam felizardas.
Era uma dor predestinada, mas estávamos sentindo aquela brisa estranha nos agraciar com uma calmaria tão distante que nos distraiu por tanto tempo.
Passou por nós. O vento uivante que vvvvvvv. Uivou. Você falou e eu não ouvi. Eu disse e você não ouviu. Porque o vvvvvvvento passou. E passou por tempos. Até que passou.
E lá veio ela voando, lá de longe. Lá veio. A folha que caiu no seu ombro.
E eu lembro de ter tocado em você para tirá-la. Com cuidado, quase triscando, meio que tocando. Eu posso lembrar da sensação da ponta dos meus dedos…
Sorrimos em cor laranja.
O vento passou.
Choveu.

Deixe um comentário